Dia desses, eu estava pesquisando um tema para o blog e me
deparei com um artigo da arquiteta Elisa
Prado. Ela chamava atenção para shoppings e estabelecimentos que têm usado
a acessibilidade como estratégia de marketing.
Ela argumenta que a acessibilidade está na moda e como toda
moda, corre o risco de passar e isso não pode acontecer. A arquiteta também
ressalta que acessibilidade não pode ser um “diferencial” dos estabelecimentos
comerciais.
A preocupação de Elisa Prado é recorrente. Também tenho
visto isso acontecer bastante. Sempre digo que acessibilidade é uma garantia
constitucional, aquele tal direito que todo brasileiro tem de “ir e vir”.
Acessibilidade não deve ser vista como bondade, como
“diferencial”, tem que ser algo comum em todos os lugares e não apenas para
alguns. Enfatizar a acessibilidade como um “diferencial” é transformar um
direito de todo ser humano, que deveria ser normal, em algo segregador.
Dar condições de acessibilidade é cumprir a legislação,
e isso vale para todos e não apenas para alguns (que ainda se vangloriam
por isso). É claro que até os conceitos de inclusão e normas de acessibilidade
se tornarem algo comum ainda, vai demorar, pois é um aspecto cultural. Mas não
pode se desenvolver uma cultura de que “aqui é melhor porque tem acessibilidade
e atendimento preferencial”. Isso quem tem que dizer é o cliente e não o
estabelecimento.
Neste sentido, algo que particularmente me preocupa é quando
um local se proclama acessível, como marketing, é que pode estimular o
preconceito. Porque pessoas que não estão acostumadas a conviver com a
deficiência, podem passar a não frequentar aquele local, pelo mesmo motivo,
infelizmente.
Porém, cabe ressaltar que não “fazer o marketing da
acessibilidade” não significa não informar as condições de acessibilidade.
Geralmente, alguém com deficiência gosta de saber com antecedência se o local
está preparado. Assim, a atitude precisa ser informativa, em vez de promocional.
Postado por: LUIS DANIEL
Fonte: Guia
Inclusivo